Natural de Constância. Poeta, escitor, tradutor e publicista. Formado em Germânicas, pela Universidade de Coimbra. Leccionou em Coimbra, Lisboa, Funchal, Viana do Castelo e Faro. Esreveu para jornais e revistas como "Aurora de Lima", "Diário do Norte", "Gazeta do Sul", "Algarve Ilustrado", "Correio do Sul", "O Algarve", "Labor", entre outras. Foi Director do Círculo Cultural do Algarve, desenvolvendo importante trabalho. Além de muitas conferências, escreveu e publicou um rol extenso de obras. (transcrito daqui)
Inicialmente, conhecia-o apenas de vista pois era professor no liceu onde eu estudava. Já não sei como me tornei amiga de uma das filhas - a mais nova - e comecei a frequentar a casa. Uma outra filha foi leccionar para o mesmo liceu: era uma mulher jovem, conhecedora, divertida; uma lufada de ar fresco no Liceu. Não fui aluna dela, mas pedia-lhe para me deixar ir fazer os testes, de estimulantes que eram. Depois, fui aluna do pai e mais não sei quantas estagiárias - ele era o metodólogo. No 7º ano (equivalente ao 10º de hoje) voltei a tê-lo como professor - mas já sem as estagiárias. Depois eu fui parar ao ensino e tornámo-nos amigos. E fazia-me sempre chegar um exemplar, de cada vez que saía um seu novo livro.
Em parte - e ainda que involuntariamente - talvez tenha sido ele o responsável por eu ter ido parar ao ensino. No último período do 7º ano, disse-me que só me daria 19 se eu mostrasse que sabia tanto quanto ele (quem o conheceu sabe como era o seu humor), pelo que teria de dar uma aula às minhas colegas. E eu tive tal prazer na preparação e na leccionação da aula e foi tal a reacção das minhas colegas que pensei, pela primeira vez, que talvez tivesse piada ser professora... Ah, e tive 19, no fim do período.
Foi provavelmente também graças a ele - mais uma vez involuntariamente - que o meu nome foi parar à PIDE/DGS. O Dr Rocha Gomes convidou-me, por várias vezes, para ir ler poemas em conferências proferidas por ele ( e também o fiz numa conferência da nossa querida professora de Latim, Drª Joana Meira). Infelizmente, aquilo que hoje podia ser uma honra para mim, foi obtido sem mérito. O Dr Rocha Gomes era um homem de esquerda mas eu, uma adolescente de 16-17 anos, do sexo feminino, a viver na província, em pleno fascismo, não tinha lá muita noção do que isso significava.
São vários, muitos, os bons momentos que recordo mas aquele que recordo com mais ternura foi a última vez em que estive com ele mais tempo: na tarde em que o fui buscar para irmos lanchar no «Paquete». À beira-mar.