sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

é por estas e por outras que eu sou contra (est)a democracia

"Os projectos de lei do Bloco de Esquerda e do Partido Ecologista Os Verdes para suspender a avaliação dos professores foram chumbados no Parlamento por apenas um voto, com o apoio de toda a oposição e de quatro socialistas.
Com a oposição votaram os socialistas Manuel Alegre, Teresa Alegre Portugal, Julia Caré e Eugénio Alho, enquanto a deputada independente socialista Matilde Sousa Franco abasteve-se. No total, a proposta foi votada favoravelmente por 113 deputados, enquanto 114, todos do PS, votaram contra.
Já a proposta do PSD
para suspender a avaliação dos professores teve a abstenção de dos socialistas Manuel Alegre, Teresa Portugal, Júlia Caré, Eugénia Alho e da independente socialista Matilde Sousa Franco, acabando rejeitada com 114 votos contra e 109 a favor.
Após a votação, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, recusou-se a esclarecer se o Governo colocou o cenário da demissão caso um dos projectos da oposição, para a suspensão da avaliação dos professores, tivesse merecido aprovação no Parlamento.
Interrogado se o Governo se demitia caso um destes projectos da oposição fosse aprovado, Augusto Santos Silva afirmou que «o Governo só existe porque conta com a confiança do Parlamento». [...]"
Copiado daqui (os sublinhados são meus)

Pronto, por um voto-UM- não se fala mais nisso. Isto é a democracia da cobardia, do facilitismo, do dedo no ar e outro no telefone. Para satisfazer 114, ficam 113 insatisfeitos! Isto é justiça? Isto é sequer lógico?!
E desses 114, QUANTOS PERCEBEM DE EDUCAÇÃO? QUANTOS PERCEBEM DE AVALIAÇÃO?!
E, se isto é uma democracia representativa, quem não é professor que condições tem para representar os professores???!!!

E «a confiança do parlamento» é igual a 114? Como pode alguém ficar satisfeito com uma «confiança 114»?!
Digam antes «O governo só continua porque tem a maioria absoluta»! E eu digo que a Drª Manuela Ferreira Leite não sabe o que diz, porque já estamos em intervalo de democracia, sim senhora, e há mais de 6 meses! Eu, que conheci a ditadura, já lhe vi a sombra em vários becos.

10 comentários:

  1. Prof,

    É por estas e por outras que me recuso a chamar a "isto" democracia. A maioria ganhou por um voto. Pronto, o povo exerceu o poder através dos seus legítimos representantes.

    Ou então não.

    Bom fim de semana.

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  2. Não me admirava que tivesse sido tudo combinado na bancada do PS para dar uma falsa imagem de pluralismo e ficasse, ao mesmo tempo, tudo na mesma. Os professores estão entregues a si próprios. Vou abster-me de dar sugestões porque já não estou lá, mas esta "gentinha" do ME só percebe a força bruta.

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  3. João, os professores (do pré-escolar, do básico e secundário, porque aos outros foi retirado o estatuto de educadores) estão entregues a si próprios... e estão bem entregues! Já vimos que os sindicatos também já não representam ninguém. Assim eles e elas se saibam manter unidos. Já por aqui disse que considero que este movimento de professores foi um passo muito importante, rumo a uma nova ordem. Esguardemos.

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  4. Prof, há muitos professores universitários que são, também, educadores. Conheço casos de alguns. Aliás, acho essa distinção um pouco artificial, porque um bom professor, no sentido que domina cientificamente os conteúdos, tem capacidade de os transmitir, é culto e faz trabalho original de relevo na sua área, é sempre, num certo sentido, um bom educador. E as exigências são diferentes, tendo em conta que o alvo etário é, também, diferente.
    Quanto aos sindicatos, não a acompanho nesse comentário. Cometem erros, sem dúvida, mas continuam a desempenhar um papel essencial. Assim mais gente se envolvesse na sua vida e gestão e talvez os resultados fossem melhores.

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  5. João, o que eu queria dizer é que os docentes do ensino superior já não estão sob a tutela do Ministério de Educação. Eu sou docente no quadro de uma instituição de ensino superior público e agora pertenço ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Não ao da Educação. Por isso eu disse que nos retiraram o estatuto de educadores. Quem está ligado às didácticas e às pedagogias sabe as conotação de se falar só em «Ensino»; e presumo que o João também as entenda. Faz sentido, para si, que os professores do superior não dependam do Ministério da Educação? A mim não faz. E a situação agrava-se quando - como é o meu caso - se trabalha na formação de professores.

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  6. Só mais uma coisa: já que separaram os docentes em 2 ministérios, fazia mais sentido escolherem um ministro ou uma ministra da educação com experiência no terreno em que vai ministrar. Alegadamente a Ministra Maria de Lurdes teve uma formação no antigo Magistério Primário (em condições muito peculiares, que não vêm ao caso) mas não a assume, pois não a indica no currículo, o que eu leio como uma tomada de consciência de que de nada lhe serviu...

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  7. Não estou a par dos problemas concretos que a separação dos ministérios coloca, no caso da formação de professores, pelo que não posso falar com conhecimento de causa. À partida, não me choca que o ensino superior tenha um ministério separado do ensino básico e secundário, por questões de organização (evitar uma super-estrutura) e porque cada área tem especificidades próprias. Mas acredito que na formação de professores, sendo uma área onde se cruzam, por um lado o ensino superior e, por outro o básico e secundário, isso possa colocar problemas. Em todo o caso, acho que será sempre possível acautelar os aspectos pedagógicos e didácticos do ensino superior num ministério diferente, assim haja vontade política para tal.

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  8. Em relação a Maria de Lurdes Rodrigues, penso que é falta de... tudo!
    Eu fui docente efectivo do básico e espero não voltar, mas sempre me assumirei como ex-docente do 3º ciclo e secundário. Aprendi muito e tenho honra nisso.

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  9. João, eu profissionalizei-me, primeiro, no secundário (que, na altura, ia do 7º ao 12º anos); também cheguei a ser professora (provisória = não profissionalizada nem efectiva)no 2º ciclo; foi «sem querer: na altura a lista das vagas e dos códigos das escolas vinha em edições muito mal impressas do DR, em que facilmente se confundia um 8 com um 6 ou um 9. Eu confundi e fui parar a uma escola de 2º ciclo, depois de 6 anos a leccionar nos complementares (e sempre com turmas diurnas e nocturnas). Na altura não havia reclamações nem trocas possíveis e eu lá fui. É uma longa história, com saldo positivo.
    Tudo isto para dizer que me foi muito enriquecedora a passagem por esses níveis de ensino e foi NELES que aprendi (julgo ter aprendido) o que é ser professora.

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  10. Quanto aos sindicatos, João, devo dizer que sou sindicalizada e que me sindicalizei logo que foi criado o sindicato de professores. Trabalhei para a criação de uma lista diferente da que havia inicialmente, uma lista que juntasse várias esquerdas - nunca conseguimos verdadeiramente o que queríamos. Fui delegada sindical - mas nunca quis pertencer à direcção, porque gosto mesmo é de dar aulas.
    Mas a sociedade evoluiu, felizmente, e os sindicatos, na minha opinião, já não dão resposta cabal às necessidades - às exigências- de hoje.
    E, já que falamos de sindicatos, já reparou, por exemplo, no que significa a Fenprof negociar com dois ministérios? (Porque têm associados de todos os níveis de ensino...)

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